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#12. Autocrítica



- Maria, eu vim aqui te dizer que eu acho que a gente tem que voltar a ficar juntos.

- Olha, melhor não. Pedro, a gente continua com os mesmos problemas.

- A gente não tem problemas.

- Claro que tem!

- Não. Você pegou uma ideia sobre mim que não é verdade.

- Pedro, acho que não adianta, sabe? Eu já falei milhões de vezes, mas você não quer escutar. Você precisa fazer terapia, uma análise.

-Análise? Eu não preciso de análise. Estou sempre analisando tudo que eu faço.

- Você pode até achar que faz, mas não faz.

- Faço sim.

- Você não admite a possibilidade de estar errado. Sempre inventa uma justificativa.

- Eu analiso e acho que não estou errado, ora.

- Pedro, você me traiu. Saiu com outra. Teve um caso. E ainda negou na minha cara quando eu te perguntei.

- Aquilo não foi traição, Maria. Eu transei com outra pessoa, mas o meu sentimento por você nunca mudou.

- Caralho, sério. Não dá pra falar com você. Não tem a menor capacidade de sentar e fazer uma autocrítica.

- Claro que faço, claro que faço!

- Quando? Então me diz você o que aconteceu.

- Tá bom, me escuta. Quer ver? Eu faço aqui, agora. Eu digo pra você onde errei. Naquela noite que eu vacilei, eu deveria ter ficado em casa. É. Isso eu admito. Acho que eu errei aí. E também eu sempre te falei que a Verônica não é sua amiga de verdade.

- O que tem a Verônica a ver com isso?

- Fofoqueira! Ela que te contou não foi?

- Ela te viu fazendo merda, Pedro. Óbvio que ia me contar.

- Ela sempre quis acabar com a gente. Ela não gosta de mim, preferia o seu ex.

- Em que mundo você vive, Pedro? Esquece meu ex-namorado! Tô cagando para ele! O problema aqui é você e as merdas que você faz.

- Mas todo mundo vacila uma vez ou outra. Isso é cultural. O importante é que eu te amo e sou o melhor namorado pra você.

- Ah, peloamor.

- Você espera que eu diga o quê? Que eu me rasteje, diga que eu sou um merda e peça perdão? “Blablabla eu fiz merda, por favor, me desculpa”. Não vou me rebaixar a isso.

- Não é se rebaixar. Só que quero que você assuma responsabilidade pelo que fez.

- E minhas qualidades? Você não vai falar nada? Não fui o melhor namorado que você já teve? Te trato bem, lavo, passo, cozinho. A gente não era feliz?

- Você foi um ótimo namorado, Pedro. Não é essa a questão. Agora, me tratar bem é o mínimo! E eu te valorizo por isso, mas você traiu minha confiança. E nos últimos tempos nossa relação já não ia tão bem. Você não dava a atenção que nossa relação merecia.

- Eu não devia ter ido praquele samba. Eu sabia. Se eu não tivesse ido, nada disso tinha acontecido.

- Aí! É incrível. Você parece que é surdo.

- Olha, tudo bem, nem tudo que eu fiz foi certo, mas não vou ficar me chicoteando. Eu tenho que me defender. Eu sei do meu valor. Sou melhor do que todos os outros que você já teve. A gente pode ser feliz de novo, juntos.

- Como é que eu vou te perdoar, se você não admite o que fez? Como é que vou confiar de novo se você acha que não tem nada de errado? Não adianta dizer que você faz autoanálise se você não pede desculpas pra mim. Eu que fui machucada. Eu!

- Eu não acredito que você vai continuar saindo com aquele mauricinho de camisa polo e mocassim. Não é possível. Ele é muito pior que eu.

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